Acorda cedo, vai a rua, encara a realidade brasileira
"Se não estudar o jeito é trabalhar"
E sonha pela liberdade dos filhos
De poder sonhar com uma vida melhor
Filhos que ficam aprisionados o dia inteiro em salas
Ouvindo besteiras como vestibular
Ficam ali presos durante anos, saem de lá
Apenas menos esperançosos,
Acostumados a aceitar os problemas calados,
A sofrer calado, porque, aliás, se é brasileiro
Rosto coberto de pó de cimento
Afinal somos pó
Lágrimas que escorrem de um choro quase mudo
E todos ao seu redor lhe parecem cegos-mudos
Ninguém vê, ninguém diz.
Como há de um homem não se endurecer?
Porque antigamente se fazia um homem de lama
Hoje de cimento e desgraça se faz uma humanidade.