quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Esperança

Minha vontade é só colocar o poema de Mario Quintana novamente, mas não.
Só desejo paz, pra quem quer que esteja me observando, e pra aqueles que também não estejam; que possam todos rever o ano e dar um sorriso e pensar no próximo e se amedrontar, porque é isso que nos dá a emoção da vida, se temos medo ainda temos fé que pode dar certo.
Eu fiz minhas apostas.
Acho que quero passar de branco pela primeira vez e talvez ver os fogos.

Não poderia deixar o link do poema de lado:
http://www.releituras.com/mquintana_esperanca.asp

sábado, 25 de dezembro de 2010

Retiro espiritual

Retiro-me agora, mas não vou a lugar nenhum
Ao talvez vá, quem sabe
Retiro-me agora de mim mesma
Dos meus conceitos das minhas guerras pessoais
Ou talvez esteja somente indo enfrentá-las
Talvez precise te largar um pouco pra lá
Ou talvez eu precise exatamente de você por aqui
Talvez eu preciso fugir, talvez precise me embebedar
Talvez deva chorar, ou sorrir
Mas do que realmente preciso?
Me retirar

Tchau tchau

quarta-feira, 15 de dezembro de 2010

Apostas

Apostas, tomara que me indiquem a resposta
De volta? Seria esse a resposta?
Ou revolta, será que ouço certo?
É porque cada membro do meu corpo diz algo
Meu coração diz "volte"
O cérebro por vezes diz "Revolte-se"
E você, mais uma das mil partes de mim, diz:
"Pague pra ver"

Será que cola de novo, eu e você?

sábado, 11 de dezembro de 2010

Será que isso não vai ter fim?

Será que isso não vai ter fim?
Esse meu olhar no teu, o teu olhar no meu
Esse bem querer, mais que bem querer
Essa interminável auto busca por si só
Que só se acha no espelho de outrem
Sem perceber acabei por terminar só
Torpe, enxergava a vida por um olho só
Eram lágrimas com gosto de soro
E o choro que ninguém ouviu na calada da noite
A ninguém pertence
Muito menos a você, causador de toda essa tristeza

quarta-feira, 8 de dezembro de 2010

To pê

Tô pê da vida com você
Pê da vida porque não vou mais te ver
Porque eu vou ter que aprender a conviver com meu ciúme doentio
Tô pê da vida por não poder te pegar mais quando bem entender
Pê da vida por nunca conseguir te convencer
Por eu mesmo não querer te convencer
Por eu só te querer bem, mesmo que as vezes engolindo meu orgulho
Pê da vida por te ver partir e mal me despedir
Pê da vida porque sei de que de uma maneira ou de outra não saberia dizer adeus
To pê da vida por gostar de você
Tô pê da vida por amar você

sábado, 6 de novembro de 2010

Da mudança

Sou de família nômade, por mais que tudo esteja bem, a gente se muda. Algo mexe com a gente de mais e a gente acaba se mudando, tendo novas ambições, novos desejos. E essa ideia de mudança sempre surge quando a gente planeja mexer na casa, arrumar as coisas, realmente torna-las nossas, aqueles planos de botar uma cortina da minha cor favorita no quarto como eu sempre quis, mas nunca deu pra colocar porquê tava apertado de mais por falta de tempo. Todos aqueles enfeites da minha mãe que ficam guardados, para, como diz ela, "quando a gente pintar a casa", todos os quadros que nunca pendurei, todas as fotos que nunca revelei.
A gente sempre quis tornar a nossa casa nossa mas sempre teve medo, porque, como sempre diz o discurso, depois na hora de vender vai ser uma complicação. Os planos de pintar o quarto de rosa ou azul, de chamar o decorador, de pôr os ursinhos de pelúcia para fora. O sonho de ter uma estante de livros repleta de romances. O sonho inconcreto e interrupto de ter um diário e contar todos os meus segredos nele.
Por incrível que pareça hoje me sinto uma pessoa muito realizada. Estudo na escola federal, que era meu sonho de consumo. Todos os meus ursinhos/tartarugas/girafas/macacos de pelúcia enfeitam meu quarto. Tenho uma estante que tá quase caindo com o peso dos livros. Tenho fotos espalhadas pelo quarto (que desejo ampliar ainda mais). Tenho um diário há uns dois anos, acho e não escrevo diariamente nem nada, mas já é algo do qual me orgulhar. Tenho um blog, meu xodó, meu orgulhinho que tem mais de 2 anos.
Mesmo assim há a necessidade de mudar, de amar.

domingo, 31 de outubro de 2010

Do tempo

Há algum tempo atrás, que, agora, começo a desconfiar que seja mais do que há algum tempo, as coisas eram muito diferentes. Há algum tempo atrás eu me abria com você o que hoje não abro pra ninguém, ficávamos horas conversando sobre nada, o que hoje se tornaria impossível pra mim fazer durante sequer uma hora.
Fazíamos planos, promessas, juras. Era muito fácil dizer para sempre naquela época, já hoje temos medo de dizer sequer um substantivo, quanto mais um adjetivo que nos comprometerá. Antes éramos desleixados, descuidados, hoje temos medo até mesmo da sombra.
Antes amávamos com  se não houvesse amanhã e perder a noite chorando não nos parecia muita coisa, era necessário semanas de mártirie para pensarmos em seguir em frente. Antes era muito fácil dizer que desistiríamos de tudo para viver aquele amor loucura.
Era muito fácil acreditar que um simples beijo mudaria tudo e ainda mais simples acreditar na fidelidade eterna. Aceitavámos com unha e carne a possibilidade de vivermos apenas um do outro e hoje mal nos aguentamos por mais de cinco minutos.
Fazíamos planos de viagens malucas, de encontros às escuras, de fazer loucuras só eu e você, hoje acho ridículo como realmente pensávamos que iríamos fazer aquilo algum dia.
Lembro de como ficávamos irritados de ter esperar sequer um minuto pelo outro, e que precisávamos um do outro quase que a todo instante. Lembro de como você era importante para cada mísera decisão em minha vida, como eu tinha necessidade de te contar cada mísero episódio da minha vida, como eu achava indispensável contar em detalhes todas as vezes do dia em que me lembrava de você por um motivo qualquer.
Hoje mal lhe vejo, tenho notícias suas a cada 15 dias, ou mais, já não paro para fazer as contas de quantos eu te amo dizemos, porque nem sequer consigo me lembrar da última vez que trocamos uma palavra de carinho. Não sei mais em que pé anda sua vida, quem você beija, com quem você se deita, quem visita sua casa, com quem você quer estar na sexta-feira a noite, para quem você liga quando sente vontade de chorar,  para quem você manda mensagens no celular quando perde o sono. Se fizéssemos um balanço das promessas feitas e das realizadas encheríamos nosso rosto de vergonha e faríamos mais uma promessa que também quebraríamos, a de nunca mais fazer promessas. Eu já não sei quem você é. Mal me lembro de quem você era. Já não sei se te amo mais. Amava quem você era, aquele lá. Aquele que não começa o dia sem poder me dizer eu te amo. Aquele que não existe mais. Mas tudo isso é passado, não volta mais.

domingo, 17 de outubro de 2010

Não sei

Não sou magrela nem obesa
Não sou branca, nem sou preta
Não sou alta, nem baixinha
Não sou bonita, nem sou feia
Não sou loira, nem morena
Não tenho cabelo liso, nem tampouco afro
No entanto eu não sei quem eu sou
No entanto eu não sei como você se apaixonou
Não vou te dar um beijo, nem tampouco um amasso
Não, eu não te amo, entanto também não te odeio
Você não é guerreiro, nem covarde
Não é galã de novela, nem vilão da história
Não é meu por inteiro, mas é meu em parte
No entanto eu não sei que encanto você me causou
No entanto não sei como me amou

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Maria, Maria

Sou madre Tereza de Calcutá
Sou uma porra de coisa que não faço ideia
Sou boa de mais, pura Maria
Compadecida pelas dores dos outros
Fico tempo de mais ajudando os outros
Vivo de mais a vida dos outros
E a minha aqui uma bagunça
E amigos, os quais mais ajudei
Sairam correndo ao som do sinal
Nem me esperam, eu que tive tanta calma
Em esperá-los e ajudá-los
Eu que me achava afortunada de amigos
Hoje dou graças aos poucos que tenho
Os outros, os outros, os outros
Sempre os outros
Quero esses, não os outros
Vou mudar de nome
Quem sabe essa minha sina Maria
Não vai embora junto com o nome

"Maria, tende piedade", porra nenhuma, cresce e vira gente. Acho que todo mundo pensa que sou muito boazinha pelo meu nome, acho que eu também tive esse impressão errada de mim mesma.

domingo, 10 de outubro de 2010

Da obediência

Eu sempre me questionei onde se encontram os limites da obediência. Tem gente que até mesmo acredita que eles não existem, meu pai sempre me diz "manda quem pode, obedece quem tem juízo", professores também já me disseram isso muitas vezes, amigos inclusive. Muita gente já me disse que quando alguém manda a gente tem que obedecer sem questionar, mas tá certo isso? Talvez até esteja quando se estiver falando de uma tarefa cotidiana de ir entregar um papel, lavar uma louça, passar pano, mas para tudo se tem um porém, não é?
Esses dias na minha aula de redação foi levantada uma discussão sobre o caso de Felipe Massa ter deixado um outro piloto o passar por ordens da Ferrari. Ele tava obedecendo ordens da Ferrari e ao mesmo tempo desobedecendo as ordens morais e os valores a ele imposto desde criança. Ou não. Pois aposto que, ao menos uma vez na vida, já lhe disseram para obedecer um superior e ponto final. E o quê que Felipe fez? Obedeceu.
Agora a pouco estava assistindo atenta pela primeira vez  o clipe da música A paz que eu não quero da banda O Rappa, o clipe faz uma denuncia a atuação da polícia. Taí uma autoridade que todos dizem que devemos obedecer, a polícia. Mas, claramente no clipe o polícia tem uma atuação injusta e injustificada, ainda sim se deve obedecer à polícia?
Os maiores levantes, as maiores revoltas e revoluções só aconteceram porque alguém levantou a bunda do sofá e ergueu o dedo quando o mandaram. Se todo mundo simplesmente obedecesse hoje não teríamos nossos direitos trabalhistas, não existiria sequer trabalho, seríamos até hoje escravos. Os direitos à igualdade não existiriam. Agora, os direitos de igualdade já existem, mas cade a segurança de que eles vão realmente acontecer? O que tem de gente falando que temos direito a igualdade aí não é pouca, mas mesmo assim tem muita gente fazendo que nem no clipe, desrespeitando esse direito nosso. Mas isso só acontece porque muita gente aceita calado a atuação dos policiais e os muitos poucos que erguem sua voz em denuncia são silenciados. Não só de policiais, aceitamos calados a atuação de pais, professores, coordenadores de escolas, políticos.
Por muitas vezes não nos tamamos conta do poder que temos em mãos e somos silenciados por essa falta de consciência. Mudemos o mundo. Questionemos. Desobedeçamos.


É pela paz que eu não quero seguir admitindo.

sábado, 2 de outubro de 2010

Identidade

Se eu te mostrasse um pouco mais sobre quem eu sou e um pouco menos sobre quem eu gostaria de ser, talvez você entendesse mais de mim. Se eu falasse um menos sobre essa pessoa desejada e bela que eu gostaria de ser talvez você me conhecesse melhor.
Ou talvez eu seja isso mesmo; alguém que não é, mas alguém que quer ser. Porém, talvez, seja fundamental para o meu crescimento como gente querer ser, mas para poder vestir uma identidade antes eu tenha que ser.
Acho que sou assim, sem identidade, me visto cada dia com uma roupa que diz quem eu sou. Ou talvez a roupa que me vista, pois ela é mais do que eu. Até mesmo com as roupas me vestindo eu me sinto assim, sem cara.
Talvez porque eu não tenha cara. Talvez porque seja você quem deve desenhar o meu sorriso.

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

Escrevo agora por aqueles que já não estão aqui
Mas se encontram presentes, mesmo assim
Aqueles a quem o céus se tomou
E um pedaço se torna em mim
Se torna em ti, se torna em nós
Hoje são dias de palmas, dias de aplausos
Pois hoje é dia de vitória, dia de glória
Velamos com lágrimas um amigo
Mas guardamos com sorrisos um irmão
Aplaudimos hoje seus 17 anos
Como se hoje se tornasse eterna
Toda sua existência, que fora tão curta
Nem por isso menor

E não me importa o que signifique seu nome, se é dor, se é luta, se é amor. Para mim só significa vitória e persisto hoje e por tudo que hei de viver por mim e por ti. E quando chegar lá, ao invés de vitória direi seu nome. Orarei por ti mais uma vez e lembrarei da sua calma se constrastando com a minha pressa.
Quem me dera se ao invés de ter a calma para devidamente cumprimentá-lo todos os dias corria para a pressa de todos os dias.

Direi seu nome.
Quem me dera que assim como você comemorou meu aniversário comigo eu estivesse agora comemorando com você o seu.

segunda-feira, 20 de setembro de 2010

Uma última tragada

Trago mais fundo uma última dose de você. Sinto seu cheiro podre que só à mim é tão doce. Te toco, acaricio, enfio o dedo na chama só pra sentir queimar de novo e sentir a dor do fogo que é você. Te ponho nos lábios, finjo um ato de devorar, mas o retiro de novo da boca e jogo ao chão.
Você se tornou meu vício anuário, diário, horário, se tornou meu maior adversário, faz todo o dia o maior cenário com o meu coração. Chega, me abraça, me traga, faz como quem devora e me larga. Pede para eu ficar e um minuto depois se vai sem deixar rastros. Logo torna ao meu quadro, te vejo num retrato, um retrato distante, te vejo abraçado, aperto os olhos para poder me ver ao seu lado, chego perto de mais até. Quase corro para me ver ao seu lado, corro, corro a vida inteira, morro a vida inteira para, à dois passos, cair num buraco, me vejo num precipício, caindo e caindo. Afinal, não era eu ao seu lado no retrato.

sábado, 18 de setembro de 2010

Coração partido

Não me vem com esse papo
De beijo de novela
Já sou velha de guerra
Não caio mais na sua conversa
Sai de perto, não te quero
Dos seus lisonjeiros
Eu me despeço
Cansei desse papo

segunda-feira, 13 de setembro de 2010

No entanto

Você me devora,
Com seu olhar e suas mãos
Com seu jeito de quem diz ser só amigo
Mas te conheço, menino
Onde tocam suas mãos não tocam amigos
Teu jeito de me procurar não envolve apenas carinho
No entanto, já me desarmei
E você fica aí parado
Já larguei minhas defesas
Me deixei aberta pra você entrar
Problema é que você, fica aí parado
Problema é que depois não poderei
Não lhe direi que sim, porque depois
Meu orgulho não me permitirá
Meu medo não me deixará aberta por muito tempo
Então corra, chegue antes do medo
Menino, o seu olhar me diz tanto
Os meus gestos e meus carinhos também
No entanto continuámos
Incomunicáveis, como se
Estivéssemos separados por um vidro
Em que cada um estivesse em seu próprio mundinho
E que teríamos que nos desarmar, ambos
No entanto, palavras não nos farão mais nada
Tudo o que devemos fazer, é fazer

sábado, 11 de setembro de 2010

Da legalização

Tá todo mundo por aí comentando, já que estamos em época de eleição, sobre a legalização da maconha, alguns dizem que não vão voltar em tal pessoa porque ela vai legalizar a maconha, outros dizem que vão votar em tal justamente por isso. E a gente tem que ficar esperto e tomar seu ponto de partida, eu mesmo não soube o que dizer pois não tinha decido em que lado da guerra ficaria. Legalizar ou não?
E se legalizasse, o que aconteceria? Muita gente hoje morre no tráfico de drogas, mas convenhamos, quem vende maconha, apenas começa vendendo maconha, porque depois vem a cocaína, o crack... Então eu  acredito que a legalização não ia mudar muita coisa em quesito do tráfico, mudar vai pois acredito que a maconha é quem inicia muitos dos vícios por ter a fama de ser tranqüila e de quem não vai fazer mal, e a gente tem que ir sempre mudando, aos pouquinhos, não se espera que apareça em todas as favelas do Brasil um comando policial que acabe com todo o tráfico de uma vez por todas, é isso o que muito eleitor tá querendo, que toda essa situação, toda essa problemaiada do Brasil que vem sendo desenvolvida a mais de500 anos seja resolvida toda em 4 anos, é o cúmulo da ignorância. Como eu li há dois anos numa apostila e nunca esqueci "a desigualdade social nos países menos desenvolvidos se deu justamente porque seu desenvolvimento industrial foi de imediato, não dando o devido espaço e tempo as classes menores". Quer resolver o problema de educação no Brasil em 4 anos mas esquece que passamos 12 anos ou mais apenas no ensino fundamental e médio.
Voltando a legalização, o que aconteceria nas escolas? Se o cigarro e as bebidas já são proibidos para menores de 18 anos e o que mais se vê por aí são adolescentes de 15 ou 16 anos fumando, bebendo, isso quando já não estão metidos nas drogas. Vi uma vez numa reportagem do jornal que muitos adolescentes de 13 anos já experimentaram álcool, é porque hoje em dia tá muito fácil se conseguir álcool assim de bandeja, qualquer boteco da esquina que você chegar e pedir uma cachaça eles vão te dar, festas em que se oferecem bebidas alcoólicas. Em contrapartida muitos dos meus amigos de 18 anos já não bebem e nem fumam, ou se o fazem o fazem em pequena escala, pois durante sua adolescência já "aproveitaram" de mais e sofreram consequências de mais após perderem a lucidez. Ainda sim, os que continuam já estão com suas vidas enfiadas num buraco. Entende por aí como é difícil tomar um ponto de partida?
Hoje, em que a maconha é proibida já se um monte de coleguinha no colégio bebendo, fumando, alguns até já fazem realmente uso da maconha. Se a maconha se tornasse lícita a incidência dela em menores seria tanto quanto de menores bebendo e fumando. O que veríamos por aí? Um monte de adolescentes com os olhos vermelhos, desequilibrados, fazendo mais e mais besteira e confusão do que já fazem. E será que aos 18 teriam largado isso? Teriam sofridos consequências de mais? E os que afundaram?
E quantos mais iremos perder para o tráfico? E as promessas da polícia de acabar com o tráfico? Bem, nelas eu já não acredito muito, não porque não confie na polícia mas é porque não acredito que confiscando e prendendo isso vá acabar tão cedo, mas esperar para ver, não é?

segunda-feira, 6 de setembro de 2010

As vezes

As vezes escrevo só pra observar minha letra e ter o que admirar. As vezes olho um retrato seu só para ter uma leve lembrança de como era te amar.

De vez em quando converso com você só para ouvir sua voz e tentar lembrar como era quando você me chamava de meu amor.
Certas vezes beijo um outro alguém só pra tentar te achar em outro alguém, algum vestígio do que é você.
Algumas vezes me permito envolver de novo com outro alguém só pra me lembrar como é ser amado.
As vezes me perco em você e percebo que é sem querer.
As vezes me encontro ao avesso, revejo o que é você, reverso do que eu queria ser, o avesso do que poderia ser o amor da minha vida.

sábado, 4 de setembro de 2010

Não imaginava

Eu não lembrava que você mexia comigo desse jeito. Não lembrava que seu sorriso era tão meigo. Não lembrava que você fazia falta a mim. E te ver, e não te ter. Eu não imaginava que seria tão difícil assim. Pensei que conseguiria me sair bem e superior. Que te faria esquecer tudo e voltar pra mim. Pensei que olharia pra mim da mesma forma. Até me enganei por alguns instantes. Mas você vai continuar com ela e vou continuar sem você.

Porque a vida é assim, continua. (:

terça-feira, 10 de agosto de 2010

2 anos ao acaso

Eu comecei a rir sozinha aqui. Conversando ao acaso aqui, relendo alguns post no blog me ocorreu uma coisa: Hoje o blog tá fazendo dois anos. Ano passado eu taria fazendo contagem regressiva, esse foi puro acaso.
É, eu sei que isso aqui foi jogado às teias de aranha e que nem mesmo nas férias isso mudou, e que isso aqui nunca fora grande coisa, máximo de comentários que devo ter recebido em 2 anos deve ser 6 comentários.
Também, quer fazer sucesso como, se mal mal escreve, quando escreve, escreve pra lá, não faz uma porra de divulgação, na verdade acho que faço mais o contrário, quando aparece um vestígio do meu blog eu tento apagá-lo, só faço questão que leiam os meus 'amigos bloggers' com quem ultimamente tenho conversando mutíssimo, cerca de 2 em 2 meses, mas sempre conversas prazerosas e curtíssimas.
Tá que meu sonho seria ter vários leitores, que curtissem pra caralho o que eu escrevesse, que me questionassem, mas não de uma maneira que eu ia me senti muito escrota como normalmente acontece quando surge um comentário diferente. Eu queria ter um blog inteligente de discussões, mas isso aqui é puro desabafo. Pura confusão, não posso negar que seja pura Maria.
Não posso negar também que eu tenha mudado, e graças aos céus, crescido e amadurecido e ficado um pouco mais burra, não aguentava mais me dizerem que eu era muito madura pra minha idade, não aguentava me sentir uma velha, adoro me sentir uma tonta as vezes, não sabem o quanto fico feliz em pensar que aquelas crises de identidade e de humor reduziram sua escala. Aquilo era puro hormônio.
Sabe, estive pensando, isso aqui é como um bebê pra mim, mas não posso crescer e continuar no corpo de bebê, mas também não quero fazer uma sala de estar nova apenas pra paisagem, queria algo que realmente valesse a pena de ser lido, porque o mundo de blogs ultimamente tem sido muito foda, e quem não gostaria de ser pelo menos o fodinha, ne? Quem quer unha encravada enquanto se tem unhas com francesinhas ne?
Um caso a se pensar, ou a se esquecer.

sábado, 7 de agosto de 2010

Alguém com quem dividir o copo

Aqui em casa é assim, sempre que a gente vai almoçar são três copos, um pra mim, um pro meu irmão e um pro meu pai e pra minha mãe. Sempre foi assim, não sei se é por preguiça de lavar, romantismo, sei lá. Só sei que é uma coisa que to acostumada a ver desde pequena, e é algo natural pra mim, é um casal, divide o copo.
Hoje almoçando num restaurante que percebi melhor isso, no restaurante é uma exceção, sempre vem 4 copos, mas hoje veio 3 e eles dividiram aí eu tive toda uma reflexão e cheguei a conclusão do que seria minha cara metade.
Seria alguém com quem dividir o copo, pra dividir o copo é preciso não ter nojo da pessoa, porque como diz minha professora de português, o que aguenta bafo matinal é amor, não paixão. Por mais ridículo que seja certas pessoas tem, eu divido copo e comida com qualquer pessoa, em época de gripe qualquer coisa (exceto a grande excessão q são os chicletes), claro que sei que não é todo mundo que é assim e respeito, mas alguém com quem eu fiquei é diferente, enfrentar aquela baba toda é um grande passo, cara.
Mas tem gente que tem pouca coisa na cabeça e não vê muito bem assim, sente nojo, porque não se sente comprometida com aquela baba (foi nojento kkk), a relação é superficial.
Umas duas vezes eu peguei copos de caras com quem eu tava ficando, nas duas vezes a reação foi a mesma, e me decepcionou, mas eu não imaginava que seria por isso, eu nunca tinha pensando nisso naquela época. Nas duas vezes eu peguei um copo em que eles já estavam tomando e bebi, depois eles pegam outro copo só pra eles e me dão aquele, me deixando a parte.
Muita gente pode achar nojento isso, mas é o que penso, dividir os copos é um grande passo. (:

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

O inferno são os outros

O que seria da tua beleza
se eu fechasse os meus olhos para você?
Do que adiantaria essa tua ideologia
se a tua própria liberdade se transformasse em opressão?
Escute o meu silêncio
Talvez você nem tenha percebido
que eu te quis também
Se ao menos eu pudesse te mostrar
que o inferno são os outros
Você não quis me escutar
e o tempo não parou
Vou sair pra ver o sol
Vou mentir e dizer que não sou feliz
Vou sair pra ver o sol
Deixo a porta aberta se quiser voltar
mas saiba que eu também consigo viver só
A solidão quem me ensinou a ser mais forte
E a qualquer lugar eu vou sem medo
Você não quis me escutar
e o tempo não parou
-O inferno são os outros - Detonautas
Me deu uma puta vontade de escrever, mas to sem ideia, quem sabe isso muda, vou pensar aqui.

segunda-feira, 26 de julho de 2010

Sem palavras

Uma semana atrás no início da tarde recebi uma notícia nada boa. Um amigo se fora. Não sabiam sequer explicar direito como. Me disseram a hora, e lugar. Uma hora antes finalmente encontrei disposição e coragem para ir. Foi doloroso vê-lo, mas foi o certo.

Tinha um carinho especial por ele, estudou comigo o ano passado inteiro, aquele menino quieto na sala, mas quando abria a boca fazia todo mundo rir. Quantas vezes não perguntei ele se ele era de fora por causa de um sotaque esquisito que só eu percebia.

E assim, sem ninguém saber, ele fez a prova do Cefet, lembrei há poucos dias que um dia no ponto de ônibus a gente conversava sobre o temido futuro do 1º ano, e dei pra ele a ideia de tentar. Não é que deu certo? Da nossa sala apenas eu e ele passamos, e quando olhava pra ele, o via aguentando, sentia que eu podia aguentar também. E era ele quem me entendia quando eu queria falar da saudade que deixou a nossa turma.

Foi só a gente se ver no primeiro dia, perdidos que nem pinto naquele novo desafio, o carinho e a nossa relação mudou de zero a mil. Abraçando, brincando, sem muito tempo de entrar em detalhes. Uma parte da minha coragem foi junto com ele, mas a vontade de terminar, por mim e por ele, aumentou.

Um cara como esse tá morto nunca. Tá bem vivo aqui no meu coração e de todas pessoas que tenho certeza que gostavam muito dele. Não vou esquecer nunca da cara dele, feliz pra caramba e do abraço na ponta do pé. O cara era o cara. Sempre será.


sexta-feira, 25 de junho de 2010

Segredos

De todos os segredos que tive que guardar
O maior deles foi o que guardei de mim mesma
Aquele no qual esqueci quem eu era
Esqueci pelo que estava aqui, me perdi

sexta-feira, 4 de junho de 2010

Porque eu achava que não era

Porque eu achava que não era
E agora eu sou
Mas talvez eu ainda não seja
Aquilo
Talvez amanhã surga algo novo
Que eu simplesmente não seja
Mas não tenho a menor pressa
Pois eu ainda tenho uma vida
Inteirinha, toda minha
Pra tentar ser o que ainda não sou
Mas o que quero ser

E talvez eu passe a vida inteira pensando que não era
Para, no final, ver que sempre fui.
E partir, não frustada pela minha busca tola,
Mas feliz porque consegui ser o que tanto queria.
E que duvidei e lutei como qualquer outro,
Que para ser o que eu queria eu tinha que me esforçar
Como qualquer outro, pois entendi que não era diferente

E consegui, assim, ser.

Hoje sou.

Feliz.


Em homenagem a Kah

quinta-feira, 27 de maio de 2010

15 anos

15 anos. É. Ê.

Obrigada a todos pelos abraços e beijos e desejos. E obrigada pela festa. Eu não queria mais nada do que isso. (:

terça-feira, 25 de maio de 2010

Cinza

Sem humor. Sem cor. Meu mundo tá simplesmente assim. Acizentou. Nem cinza é, porque eu gosto tanto de cinza, acho uma cor enigmática. Mas talvez seja mesmo por isso que tá cinza. Mas eu não gosto disso. E gosto de cinza.

Meu mundo broxou.

sábado, 15 de maio de 2010

Não faz mal um título clichê

Não faz mal, algumas vezes, recusar alguns convites. Passar o dia inteiro dentro de casa, porque quer. Não faz mal fugir um pouco da rotina, porque até sair todo final de semana se torna uma rotina as vezes. Deitar e ler um livro que não trate de assuntos revolucionários. Mas de coisas simples, que você já sabia de cor e sorteado, mas precisava muito ser lembrada. Não faz mal relembrar alguns amores e rir deles. Ri de si mesmo, de como foi boba, de como foi bom. Não faz mal, por vezes, não querer um amor puro e sincero, apenas um beijo que faça seus olhos mudarem de cor. Não faz mal não querer ouvir nenhum tipo de música, as vezes o silêncio é musica, ou talvez seja apenas um recadinho de Deus que para ser ouvido é preciso deixar de ouvir. Talvez não esteja errado falar algumas coisas feias e maldosas de vez em quando, se o que o coração no fundo quer é bondade, mesmo que na hora, levado pelos sentimentos mais urgentes do mundo o que você queria era outra coisa. Não faz mal revirar o estômago de paixão, dilatar os olhos de desejo, apertar as mãos e dar um beijo.
Não faz mal uma declaração apaixonada sem paixão. Ou se então o coração palpita por mais de uma emoção. Se o texto é ou não em vão. Se alguém o irá ler ou não. Se um dia ele irá sumir ou não. Neste exato momento o que me importa é o agora.  E o que ficou pra trás, é história. Que um dia aí lhe conto, entre risadas e bons sonhos.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Cimento e lágrima

Segue, passo a passo, como se não houvesse mais força
Acorda cedo, vai a rua, encara a realidade brasileira
"Se não estudar o jeito é trabalhar"
E sonha pela liberdade dos filhos
De poder sonhar com uma vida melhor
Filhos que ficam aprisionados o dia inteiro em salas
Ouvindo besteiras como vestibular
Ficam ali presos durante anos, saem de lá
Apenas menos esperançosos,
Acostumados a aceitar os problemas calados, 
A sofrer calado, porque, aliás, se é brasileiro
Rosto coberto de pó de cimento
Afinal somos pó
Lágrimas que escorrem de um choro quase mudo
E todos ao seu redor lhe parecem cegos-mudos
Ninguém vê, ninguém diz.
Como há de um homem não se endurecer?

Porque antigamente se fazia um homem de lama
Hoje de cimento e desgraça se faz uma humanidade.

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Escolha

Já te mandei embora mil vezes
E te quis por perto mil e uma
Já disse que te amo? Pois é
Eu nunca lhe chamo
Sempre lhe grito
Você nunca me pede perdão
A culpa é sempre minha
E porque não,
Dar carinho ao invés de xingo
Ao menos uma vez
Empinar o nariz, só pra ver
Se você olha pra traz
Quando eu vou embora
Mas é que nunca deu certo
É que você não me ama
É que você nunca gostou de mim
É porque eu gostei mais de você do que de mim
Porque quando eu te conheci, eu não conhecia a mim
Eu quis te fazer meu, mas não sabia nem o que era eu
Eu quis ter alguém e não ser de ninguém
Não conhecia o que tem por nome liberdade
E tem por significado algo maior, algo que
Pra te entender, eu precisava escolher
E entre eu e você, distância
E eu escolhi fugir.

sábado, 17 de abril de 2010

Minh' alma

Minha voz é calma
Não vejo porque gritar
Minha voz é falha
É que tenho medo de errar
Ando a passos largos
Pra te ver mais depressa
Mas andei de modo mais calmo
Pra saber o sabor da espera
Espremi os olhos
Pra te ver melhor
Estendi os braços
Pra te ter
Disse eu te amo
Saiu sem querer

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Peço a Deus

Porque nem sempre sou eu que tenho a razão. Porque as vezes sem querer me acho o centro do universo. E noutras me ponho no último degrau e peco ao menosprezar uma criação de Deus, eu mesma. Peço a Deus por favor que afaste de mim quem a mim não quer bem, mas que me dê humildade e não rancor para tratá-los. Tire de mim a inveja e ciúme e me dê entendimento. Que tire de becos pessoas que saibam me encarar, bater na minha cara e dizer que eu estava errada e me mostrar que, o tempo todo, a solução estava em mim.

Sempre vou repetir essa verdade. A gente procura longe de mais coisas que estão muito perto. Um problema começa dentro da gente. A solução tá lá também.

E Deus, me lembre, de recorrer a ti antes de sair a chorar pelos cantos.

sábado, 3 de abril de 2010

Saudadezinha do meu amor












Vontade de chegar assim, no abraço
Beijar do braço até o cangote
Olhar no olho e enxergar a alma
Mirar no rosto e acertar a boca
Lugar d'onde não deveria me ausentar
Onde deveria não estar
E sim existir
Vontade de estar, de roubar
Seu cheiro pra mim, de ganhar
Um sorriso inteiro, só pra mim
Poder dizer te amo e mentir
Sim, mentir, pois amor
Ah, amor não é nem metade
Metade sou eu, aqui sem você
Metade é você, meu inteiro

Queria deixar de sugestão um texto que li e adorei, principalmente porque meu nome tá metido no meio: http://viverdebrisa.blogspot.com/2010/04/maria-encanto.html
Boa páscoa!

sábado, 27 de fevereiro de 2010

Sério caso de Maria


Acho que nunca vou ser famosa, ai você me pergunta – se não perguntar estarei danada – “porquê?”. Porque meu nome é comum de mais, tem que ter nome diferente pra ser famoso. Caetano Veloso. Por acaso você conhece algum Caetano? Até Cora Coralina tem um nome diferente, Ana Lins, você conhece alguma Ana Lins? Eu não. Ziraldo Pinto – diz meu pai que é nosso parente – caramba, não conheço nenhum.
De acaso fui olhar minha prateleira de livros e achei um nome comum ate Adriano Silva. Já ouviu falar dele? Pois é, eu também não, e por acaso o livro dele é um bosta.
Meu nome é comum de mais pra eu ser famosa. Maria Rodrigues. Tem o Pinto também, mas tenho preguiça de falar ele. Daí me perguntam, porque então fala Rodrigues? Porque só Maria eu fico muito vazia. Sempre que me apresento perguntam: “Maria de quê?” e eu tenho que repetir: nada, ou ‘só Maria’.
E, olha que bosta, mesmo sendo ultra comum é diferente. “Nossa, que diferente, da sua idade chamar Maria”. É porque Maria é nome velho. Eu já nasci velha antes de nascer, olha que importuno. Fora o que a falta de nome composto faz. Já cansei de ouvir pessoas me chamando de Maria Rodrigues, Rodrigues é sobrenome caramba! Ninguém fica chamando os outros pelo sobrenome o tempo todo, é irritante.
Eu não conheço nenhuma Maria só Maria que nem eu. Maria que não tenha mais e 50 que nem eu. Sou só. Só Maria. Sem direito à companhia. E ainda condenada a nunca ser famosa por ter um nome comum.
E por acaso você conhece alguma Maria só Maria famosa?

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Avisinho

Aulas começaram ontem. Dia inteiro estudando, ou morrendo, tanto faz. Então até eu conseguir enfiar na minha cabeça que tem como eu não morrer no Cefet eu devo ficar desaparecida.

terça-feira, 26 de janeiro de 2010

Morte morrida - a começar pela partida

Sensação. Uma fantasia, máscara de desejo. Ninguém afinal consegue mascarar o segredo, há magia nesse teu olhar. Seus lábios apresentam perigo, medo de me entregar. Diz que á desejos ínfimos não deve se entregar. E a seus beijos, amor, deixa lhe um recado. Quando o peito inflar e não couber nada além de amor voltarei eu. E assim então tomo a taça do veneno que é esse teu amor. Deixo-lhe que me mate aos pequenos. Que me ame em ato de ódio assim, aos bocados. Que seus beijos de amor sejam todos amargos.
Que teu peito sob luz de uma lua crescente infle um desejo devorador. Não há cuidado, não há porque não se entregar. Há mil e um por hora. Se quiser, pode me machucar. Afinal, não há amor. E que nossos beijos encham uma saudade que durará uma vida. Que nos meus últimos minutos, quando enfim vier minha hora, esteja eu dentro de ti, e de mim não sairá nada para ti. O tão esperado momento de gozo se transpusera em uma morte que se tornará amor.
Tu, então, vês; meus lábios ainda quentes do teu calor e me beijas pela última vez. E que diga a todos: morri de amor! E você ao ver que ainda dentro de ti estou percebe que de lá nunca sairei, pois minh’alma dentro de ti morreu. E por ali permanecerá. E verás que nesse ato surge-se um amor. Correspondido tarde de mais. Das nossas tardes só restará saudade. E a lembrança, de um quase-beijo que tudo começara. Despertar de um desejo. Um mero desejo, que não sabes tu, mas futuramente irá em ti penetrar e te devorará a começar por dentro, onde dói mais.
 E que morrerás aos bocados, de amor por mim. Que pra sempre estarei dentro de ti. Te devorando num amor louco e insano. Tu chorarás desejo e morrerás ainda encima de mim, num nosso perfeito e último primeiro beijo.

sábado, 16 de janeiro de 2010

Nua em dia de lua

A gente já se amou tantas vezes
Em corpos diferente, um amor
Você ja me olhou de tanta gente
E nunca se cala, esse amor
E num só calor, uma cama
A gente rola no suor e deita
Você já me beijou tantas vezes
E o primeiro beijo jamais voltou

E o beijo que te dei de presente
Você não retribuiu nem devolveu
Robou-o para si e prometeu
Aos poucos me devorar, enlouquecer
Que faço eu da vida, então, essa loucura
De ser comida a cada dia pelo amor
De noite até não sobrar de mim
Uma só gota de suor, um pavor
E não sobra sentimento, nem suor
Você enlouquecido levou tudo
Tudo de mim, robou-me o mundo

E sobra eu na cama; eu, a cama, o suor
Os lençois amarrotados e revirados
Que sugerem um ato feito, em noite clara
O sol claro já desperta, vejo da janela
Um jardim, e de lá, ninguém vê a mim
Nua, mas encoberta de suor e pesar
Desfilo pelo corredor a procurar
Água, porque já estou tão seca

Bebi tanta água que a virei
Desci em lágrimas, eu e minha tristeza
Me derramei no chão, sem dó nem piedade
E assim, em lágrimas, escorri
Desci logo pelo ralo e me escondi
Sou agora só mais um bocado d'água
E assim se encerra a história

domingo, 10 de janeiro de 2010

Brincar de amor

Vamo brincar de amor?
Começa assim, só me olha
Lá de longe, de cantinho
Ora ou outra me esbarra
Mexe com meu mundinho
Encosta em mim, assim
E leva de mim um pedaço
Faz pra você um baraquinho
E cutuca ali um coração
Já, já baterá forte
Chegará um ponto
Que a gente vai se olhar
E vai ser inevitável
A gente vai se achegar
Só que a gente ainda
Não vai entender
E não vai saber
O que fazer? Sei lá
A gente vai se encontrar
E a cada vez mais
As faces escancarão
Os rostos, cada vez mais
se colarão, lábio a lábio
O desejo é incontrolável
E não há porque lutar
A gente vai se amar

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Tá difícil

Tava reparando meu msn esses dias. Tem muito contato com quem eu não falo já tem muito tempo. Muita gente que não vou nem ter tempo de lembrar ano que vem esse ano (mal hábito). Gente da oitava, gente querida mas não gente que vai ficar. Gente que é amiga, que me fez raiva, me fez chorar, mas é amiga. Gente com quem eu não quero mais conversar mas também não quero me desfazer. Assunto não tem mais, não tem o que se prolongar. Mas não dá pra deletar (porque bloquear nunca!). Mesmo se tivesse me magoado profundamente, eu não consigo. Mesmo que seja uma puta pessoa comigo, não consigo. Eu amo. Sempre amei coisas que não me fazem bem. Mas o que faz bem nessa vida, ne? E porque tudo tem que se refletir em bem o tempo todo? Deixa eu ser maliciosa, é instinto, é natureza porque não posso? Se os tigres caçam porque uma moça-mulher-maria como eu não pode? Deixa eu rugir, mesmo que não for de natureza, porque é da minha cabeça mesmo.

segunda-feira, 4 de janeiro de 2010

Ela e o mendigo

Ela é. Era. Não é mais. Ou jamais foi, pois dizem que o que é jamais deixa de ser. Talvez seja apenas um projeto de ser. Não importa. Já não é mais.
E foi assim. Ela era, se sentia ser. Mas o mendigo também sentia.Ele também era. O mendigo? Não ele não era. Não havia como ele ser. Porque deveria ser? Não, ele não era.
Mas se ele não podia, o que ela tinha que a fez poder? O que a faz poder? Não pode, apenas é. Mas será que era mesmo? Ela era. Ele não. Ela é. Ele não. Ela será. Ele já foi. Então quer dizer que ele já foi? Ou melhor, já era? É?
Mas o que ele teria que ela não tem? Ela tem tudo. Ele tem a falta de tudo. Bem, tirando o falta - que na integra não passa de nada - ele tem tudo. É gente como qualquer gente. Sonha como qualquer gente. Acorda no pesadelo da vida como toda gente.
E então. Ela era. Ele também. Ela é. Ele também. Ela não compreendeu mais nada. Como ela e o mendigo poderiam ser? Tentou entender, mas não podia, não é mais. Quem tenta entender não é. Ele não tenta. Ela que era, não é. Ele que nunca foi. É.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

Ela

E todo dia, ou melhor, noite. Na mesmice de cada dia, na hora noturna e fria ele vem. Ela sente toda noite sua companhia amarga. Tanta amargura numa boca só que chega a ter vertigens e sentir um cheiro doce. Acontece que não sente mais cheiro algum, perdeu o gosto de respirar fundo e sentir o cheiro da vida. Quantas vezes não respirou podridão?
Então respira só. Respira por mais um minuto de vida. Respira sem se sentir digna de vida e mais logo transpira, é medo, medo de quando ele vem, toda a noite. E medo de ele não vir. Se não ele, quem virá? Se não vier a solidão, quem virá invadir suas noites? Será que é ela?
Ela que interrompe sem licença, desculpa ou educação. Será a próxima a visitar seu quarto à noite? Não sabe, e também e não deseja saber. Desejos? Aspirações? Ela não se lembrava mais o sabor disso. Só respira para viver o próximo minuto.
Levantou-se, só para viver o próximo minuto. Passou o café, no velho filtro de pano, na velha garrafa de café, velha xícara já trincada e ressecada, que a incomodava. Pensou se deveria ou não comprar uma nova. Largou o pensamento pra lá. Pra que pensar?
Liga o rádio a pilha na cozinha pra se ouvir menos, não para ouvi-lo. Liga a volume médio, bem assim, como todo dia, na mesma estação que anuncia as mesmas notícias, catástrofes, acidentes, assassinatos, sofrimento. E às vezes mais tarde uma mensagem ou música bonita que alegre o espírito.
Pensa se um dia aquilo irá mudar. Por que iria? Esta tudo bem, tudo nos conformes. Todos estão bem, tirando os desafortunados por natureza, ou por cruel escolha do destino. Porque haveria de mudar? Está tudo ali, seu café passado de manhã, adocicado e sem cheiro. O ar de cada minuto e o companheiro de todas as noites.
E quando estiver assim, chegando um dia ao fim. Meio morta, meio viva, bate um dia a sua porta. Ela vem. E ela se pergunte se é o fim. Fim do que? Afinal, o que se foi?