sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Eu preciso pichar muros, gritar pelas ruas afora, pra você ver o que está estampado na minha cara?
Eu quero me afogar no mundo de lágrimas que eu mesma criei.
Não tenho aguentando mais por dois.
"Eu não sou seu amigo, nem quero ser, eu sou seu pai."

quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Diz que não tem ninguém por si na minha cara, que faço de tudo para te agradar.

segunda-feira, 10 de setembro de 2012

E se tudo fosse diferente? - Capítulo 11


Recolher todas aquelas canetas e adiar por sequer um segundo a mais o meu reencontro com aquele que julgara ser meu anjo parecia o inferno em vida. Fiz o trabalho mais rápido possível recolhendo aquelas canetas e fui direto ao corredor e o procurei e não o encontrava de maneira alguma. Já estava fora da escola e com as esperanças juntas ao túmulo de meu pai, novamente absorta em meus pensamentos e em tudo que tivera que passar naquelas últimas horas quando ouvi alguém ao meu lado me direcionar algumas palavras:
_Acho que não era só eu que estava nervoso, pelo que vi você com as canetas – e de repente saí do transe que me hipnotizava e olhei para o lado, era ele, eu fiquei sem palavras.
_É... acho que estava um pouco nervosa de mais. Você pelo menos não fez que todos o odiassem ao fazer toda aquela bagunça – ele não parecia ter me reconhecido, eu o olhava e procurava nele algum índice de reconhecimento, e nada... será que eu estava errada, estava prestes a perguntar quando...
_Ei, minha carona chegou, tenho que ir, prazer em conhecê-la e boa sorte – e ele se foi, sem me dar a chance de responder, talvez eu estivesse errada afinal, ele não me reconhecera, não deveria ser ele afinal de contas, aquela dúvida não saia da minha cabeça.
E assim eu fui para casa, pensando naquilo e pensando em algum jeito de descobrir se era ele de verdade. Se eu demorara quatro anos para reencontrá-lo assim, acidentalmente, como será que poderia o encontrar de novo. E eu me sentia uma idiota por ter perdido aquela chance.
Fiquei o resto do dia pensando naquilo. Cheguei em casa e fui direto para o quarto e pensava naquilo sem parar enquanto ouvia música. Pela primeira vez em quatro anos, naquela data não era sobre o meu pai que pensava, mas sobre o anjo que me reaparecera naquele dia. Quase me esquecera de todo o significado daquele dia quando ouvi minha mãe dizer no telefone:
_É como se tudo tivesse acontecido ontem para ela – minha mãe dizia – eu a convenci de ir e fazer a prova, mas desde que chegou ela não disse uma só palavra e foi direto para o quarto.
Minha mãe e sua terrível mania de família de sempre falar aos berros no telefone.

sexta-feira, 7 de setembro de 2012

E se tudo fosse diferente - Capítulo 10



Passaram-se quatro anos desde então. A vida de alguma maneira continuou. Eu não vivia mais na mesma casa, tinha me mudado para outra cidade, mas vizinha da qual eu nascera, a imunda Ipatinga. O fizemos para estarmos mais próximos da família e talvez um pouco mais distantes da dor de relembrar. Esse seria o quarto aniversário, onde iriamos outra vez ao cemitério de alguma maneira reviver aquele dia. Exceto que nesse dia eram as tão aterrorizantes provas do vestibular. Durante algum tempo eu pensei em não ir, mas depois de conversar com minha mãe e ela me convencer de que era o melhor eu ir, o meu futuro não esperaria por mim.
_Tenho certeza de que ele sabe que você não se esqueceu dele um dia sequer – ela me disse enquanto deixava escapar uma lágrima.
Então eu resolvi ir, não no meu melhor estado, com nem todos os assuntos e tópicos bem estudados, mesmo assim eu fui.  E quebrei a ritual daquele dia que nos últimos anos tinha se tornado uma espécie de tradição para mim. Mal sabia eu o que o destino reservara para mim aquele dia e para o resto da minha vida. Com todo o nervosismo usual de uma vestibulanda, de apenas uma adolescente de 18 anos e tomo o peso da dor que aquele dia me causava, eu cheguei a escola e também a sala para realizar a prova.
Absorvida em meus pensamentos como estava, foi um requerido alguns minutos para conferirem minha documentação e me mostrarem onde deveria me sentar. E por um momento tudo ficou confuso para mim, como ficara há quatro anos, quando aquelas mãos quentes tocaram o meu ombro, quando o meu anjo surgira.
Seria ele? Depois de tanto tempo eu não poderia dizer com certeza, tantas vezes eu já pensara ter o avistado na rua, e sempre me decepcionada ao constatar que era uma pessoa qualquer. Ele estava muito diferente, é claro, mas ao mesmo tempo tão igual. Eu queria perguntar se era ele, se ele se lembrava de mim, se pensara em mim como eu pensara nele todos os dias depois daquele e mais tarde sempre naquele dia, todos os anos. Eu não sabia como dizer, se devia dizer. A instrutora de repente me tirou daquele mar de pensamentos me dizendo:
_É aqui, sente-se, que daqui a um tempo irá começar – e indicara justamente o lugar atrás dele.
Instruíram-nos a não conversar, enquanto tudo o que eu queria era gritar e externar tudo o que estava passando na minha cabeça. Já não estava difícil demais aquele dia como já estava? Ou será que ele estava ali novamente para ser meu anjo, mas eu passara por ele e ele sequer me notara, não sei dizer se olhou para mim direito, só sei que não me reconheceu da mesma maneira que o reconheci.
De alguma maneira inexplicável eu esqueci toda aquela situação enquanto fazia aquela prova. Parecia-me absurdo eu ainda me focar naquilo enquanto tanta coisa passava na minha cabeça, fora aquilo eu já tinha um plano: faria de tudo para acabar a prova o mais rápido possível e esperaria para sair junto com ele e talvez abordá-lo. É,  àquela altura isso era tudo o que eu conseguia pensar.
Àquelas horas se passaram com o peso de anos. Depois de terminar a prova, eu começara a pensar no meu plano novamente e me peguei pensando se haveria a possibilidade de alguém daquela sala está passando pela mesma situação que eu. “Nem em todo mundo”, eu pensara. 
Finalmente ele terminara, ou talvez não tivesse demorado tanto tempo assim, somente me parecesse já que eu parecia estar surtando cada vez mais a cada segundo que se passava.  Rapidamente juntei todas as minhas coisas e me levantei apenas alguns segundos após ele, para entregar a prova e sair. Enquanto eu entregava prova e assinava os últimos documentos, ele se encaminhava para a porta, eu distraída com toda aquela situação derrubara um pote cheio de canetas no chão, que fez um estardalhaço gigantesco e que fez com que todos me olhassem, incluindo ele, que parou sua caminhada e me olhou por alguns instantes e sorriu. “Será que ele me reconheceu?”, pensara. E antes de obter minha resposta ele já se virara e fora embora. 

quinta-feira, 6 de setembro de 2012

E se tudo fosse diferente? - Capítulo 9



Eu não o vi ir embora aquele dia, o meu anjo, como o chamava em pensamentos. Ninguém me perguntara sobre ele novamente, por vezes eu começava a me perguntar se ele realmente existira e realmente estivera lá, parecia uma lembrança distante. Os dias passaram, um por um, gostaria de poder dizer como me recuperei, talvez ensinar alguma coisa para você, mas não é possível explicar. Como disse anteriormente, a dor era minha, e ninguém saberia como suportá-la por mim. E se você passasse por exatamente tudo o que passei, ainda não diria que a nossa dor fora igual. As dores são únicas e todas as lágrimas derramadas também.
O tempo foi passando, de alguma maneira inexplicável, pois na minha cabeça tudo estava parado. Demorou um tempo para voltar a escola, demorou um tempo para voltar a vida aos eixos, um termo injusto para mim, já que não há como voltar a nada. Era como pensar em um carro de repente se sentir obrigado a tocar em frente com uma roda a menos. É claro que é possível andar sobre três rodas, existem triciclos, bem como bicicletas e monociclos, mas um carro é feito com base em um equilíbrio de quatro rodas. Parecia-me muito injusto sermos obrigados a viver em três de repente e sermos obrigados a procurar nosso próprio equilíbrio, sabendo que sempre faltaria uma quarta roda, com aquele vazio nos encarando.
Não irei detalhar todo o processo que me levou até aqui, até porque esse não teve data de expiração, só um começo turvo e embaralhado, uma lembrança que a cada dia me parecia mais uma fantasia. Passaram-se dias, semanas, meses e sim, se passaram anos. Aquela data horrível que me marcara fazia aniversários, algo tão injusto a se pensar. As fotos e as memórias já não envelheciam mais, ficariam para sempre como estão, intactas.
Nos aniversários daquela data sempre revivia de novo o que acontecera. Era como se um filme passasse na minha cabeça, e eu não era capaz de mudar uma palavra sequer, lembro-me especialmente das palavras vindas de um completo desconhecido, que nunca mais vira, mas que nunca fora esquecido. “O tempo cura”, ele me disse. Engraçado, eu nunca soube quanto tempo foi necessário, ou se sequer eu me curei. Era tudo uma dúvida, bem como a existência daquele “anjo” para mim. Lembro de ter desejado encontra-lo novamente e conversar. Talvez ele entendesse a minha dor, mas ao mesmo tempo me parecia loucura. Nada mais eu sabia além de seu nome. Quem era aquilo garoto afinal de contas?
Talvez você fique decepcionado ao te dizer que essa não é a história de como perdi meu pai e como superei isso. Não haveria palavras do mundo que pudessem contar essa história. Meu pai foi na minha vida, em toda sua existência, e um bom tempo após ela um protagonista na minha vida. Mas não aqui. 

Reggae de Raíz- Natiruts

Magia que envolve segredos de um grande amor
Nos fazem pensar que nossa liberdade é igual ao céu
Imensidão azul criada pelos raios de sol
Protegida dos homens que não sabem admirar
O contraste das cores das nuvens ao entardecer
E a sinceridade de velhos amigos ouvindo seu som
Toda emoção nos versos de um reggae de raíz
E ter a ilusão de que basta ser honesto para ser feliz
hoje estou consciente da trilha que devo seguir
Pra encontrar o meu lugar
Não acabou, ela foi embora mas pode voltar,
Falo da esperança e da fé
Meu amor até em um deserto posso sobreviver
Pois hoje encontrei a minha paz

quarta-feira, 5 de setembro de 2012

E se tudo fosse diferente? - capítulo 8


O mínimo de se esperar da minha parte é esperar nunca mais me deparar com aquele garoto, Matheus, que diz que o tempo cura. Aquelas palavras não saiam da minha cabeça, assim como ele não saia do meu lado, todo o enterro. Eu não o via, mas sabia que ele estava lá, logo atrás de mim, me observando. Alguém me cutucou e me perguntou quem era aquele que tinha aparecido junto comigo. Ninguém o conhecia, uma parte de mim queria acreditar que fora um anjo que aparecera para me consolar. Poderia ser um anjo, já que nunca vira nenhum, na verdade esse tal de Matheus poderia ser qualquer coisa, já que não o conhecia.  Mas eu simplesmente respondi:
_Eu não sei – e não mais me incomodaram me perguntando.
Eu olhava aquela caixa de madeira gelada e fúnebre e pensava no tempo que custaria para me curar, na cura que eu não gostaria de ter, em tudo que eu abriria mão para não ter que passar por aquele momento, tudo o que eu queria é que nada naquilo tivesse acontecido. Quem sabe se eu não estivesse lá com ele? Poderia eu ter sido a causa dessa tragédia? E eu começava a pensar em cada segundo que poderia ter feito diferença, cada segundo que faria com que tudo fosse diferente.
A última palavra tinha sido dita. Aquela caixa de madeira que há horas me encarava para terra foi, para sempre. Ou será que não? Na verdade eu não fazia ideia do que acontece com os caixões e os defuntos. E não conseguia pensar na ideia de que ele estava morto. Ele estava vivo, bem ao meu lado, falando comigo até ser interrompido. Foi aí que lembrei de suas últimas palavras, as quais não falei com ninguém, talvez isso tornasse mais difícil do que já é para todos. Será que ele sabia que aquilo era o fim? Não era possível algo desse tipo. Eu devo ter sonhado com essas últimas palavras dele, afinal, todo aquele dia foi muito intenso pra mim, eu mal tinha dormido e não fazia ideia de como tudo acontecera depois, de como tinha ido parar no hospital e depois no carro, estava tudo tão confuso na minha cabeça.
Aquela confusão me tomou de tal maneira que não reparei que aos poucos as pessoas iam embora. Era um momento embaraçoso, como saber que hora partir? E eu me perguntava se ele sabia. Eu não sabia quando teria que sair dali, e não conseguia imaginar para que lugar poderia ir depois daquilo.
Eu tentava me lembrar dos momentos bons, para quem sabe assim me anestesiar daquela dor, mas daí me lembrei que não haveriam outros. Tudo o que eu conseguia pensar era que eu nunca mais conseguiria ser feliz. Sempre haveria algo faltando. Como eu poderia ousar sorrir de novo com todas essas lembranças às minhas costas? Eu me sentia a primeira e a única do mundo passando por uma situação como aquela.
Hoje lembrando de tudo que passou pela minha cabeça naquele dia me sinto tão estúpida e egoísta e ao mesmo tempo entendo a minha dor. Eu tinha só 14 anos, como poderia saber como lidar? Haveria um manual em algum lugar do mundo? Será que era possível aprender a lidar com aquela situação? Sim, aquela, pois não há palavras suficientes no mundo para explicar isso. Essa dor minha, que só eu senti e mais ninguém, que não é maior ou menor que a de qualquer pessoa, mas que era minha e tinha meu nome e o dele estampado e tatuado para sempre.

domingo, 2 de setembro de 2012

Eu vivo todos os dias carregando uma mala imensa de saudosismo e amores já perdidos. Eu acordo, tomo café, almoço e janto saudades. Tudo isso, para a cada dia, viver e criar momentos que mais tardes serão saudades, cravados em fotos, em palavras, ditas ou escritas, ou talvez bastam aqueles olhares que em nossa memória duram mais que uma eternidade para criar e dar significado a essa palavra tão pequena que carrega tanto significado. Saudade.
Você não olhou para trás para ver que eu estava chorando quando você partiu.
Após uma tarefa comprida a gente se sempre um pouquinho mais vazio por dentro.
I don't wanna wait in vain for your love