quinta-feira, 5 de julho de 2012

O quadro

As horas passam enquanto observo intacta uma quadro pendurado na parede, certamente não o entendo, creio que tampouco seu criador o fizesse. Feito criatura após a última pincelada, o artista já sabia, não mais o pertencia. As artes ao mundo pertencem, para todas horas, dias, anos e milênios. Mas ao meu atentamento interrupto de tal obra surgiu uma questão: estaria o quadro pendurado na parede, ou toda minha existência pendurada naquelas coisas? Na cadeira, madeira, no prego e no concreto. O vazio do quadro só externava o vazio dentro do meu ser. E eu me perguntava: como podia o artista saber, o que se passa dentro de mim, sem ao menos eu nascer?

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