domingo, 10 de outubro de 2010

Da obediência

Eu sempre me questionei onde se encontram os limites da obediência. Tem gente que até mesmo acredita que eles não existem, meu pai sempre me diz "manda quem pode, obedece quem tem juízo", professores também já me disseram isso muitas vezes, amigos inclusive. Muita gente já me disse que quando alguém manda a gente tem que obedecer sem questionar, mas tá certo isso? Talvez até esteja quando se estiver falando de uma tarefa cotidiana de ir entregar um papel, lavar uma louça, passar pano, mas para tudo se tem um porém, não é?
Esses dias na minha aula de redação foi levantada uma discussão sobre o caso de Felipe Massa ter deixado um outro piloto o passar por ordens da Ferrari. Ele tava obedecendo ordens da Ferrari e ao mesmo tempo desobedecendo as ordens morais e os valores a ele imposto desde criança. Ou não. Pois aposto que, ao menos uma vez na vida, já lhe disseram para obedecer um superior e ponto final. E o quê que Felipe fez? Obedeceu.
Agora a pouco estava assistindo atenta pela primeira vez  o clipe da música A paz que eu não quero da banda O Rappa, o clipe faz uma denuncia a atuação da polícia. Taí uma autoridade que todos dizem que devemos obedecer, a polícia. Mas, claramente no clipe o polícia tem uma atuação injusta e injustificada, ainda sim se deve obedecer à polícia?
Os maiores levantes, as maiores revoltas e revoluções só aconteceram porque alguém levantou a bunda do sofá e ergueu o dedo quando o mandaram. Se todo mundo simplesmente obedecesse hoje não teríamos nossos direitos trabalhistas, não existiria sequer trabalho, seríamos até hoje escravos. Os direitos à igualdade não existiriam. Agora, os direitos de igualdade já existem, mas cade a segurança de que eles vão realmente acontecer? O que tem de gente falando que temos direito a igualdade aí não é pouca, mas mesmo assim tem muita gente fazendo que nem no clipe, desrespeitando esse direito nosso. Mas isso só acontece porque muita gente aceita calado a atuação dos policiais e os muitos poucos que erguem sua voz em denuncia são silenciados. Não só de policiais, aceitamos calados a atuação de pais, professores, coordenadores de escolas, políticos.
Por muitas vezes não nos tamamos conta do poder que temos em mãos e somos silenciados por essa falta de consciência. Mudemos o mundo. Questionemos. Desobedeçamos.


É pela paz que eu não quero seguir admitindo.

2 comentários:

Murillo disse...

Eu gosto muito da forma, dos temas e do seu ponto de vista sobre fatos "comuns" que a maioria já aceitou e deixou de questionar...
Devemos ter nossos valores, nossos conceitos, mas também devemos ter a mente aberta para o fato de que não temos certeza de muita coisa, é fácil de nos confundirmos... a evolução é isso, você se questionar sempre, em algumas situações algo é certo, em outras é errado.
Procuramos a felicidade, fato. Através disso, procuramos a paz, o amor, as vezes nos esquecemos da sinceridade, dos valores morais que acreditamos. Acho que quando se vive à sua própria maneira, sem se deixar influenciar pela sociedade, moda (...) você consegue muito mais fácil "olhar o mundo por cima" e não ser só mais um na multidão.
Se quer diferença, faça a diferença!
Adorei pensar sobre o tema! :)

Débora Andrade disse...

Há uma grande relatividade nisto. No caso do Felipe Massa, por exemplo, ele desobedeceu. Mas desobedeceu a si mesmo. E isso, fazemos continuamente, obedecemos a uns e esquecemos de obedecer aos nossos conceitos, príncipios, valores. Sempre vamos ter o direito de escolha, mesmo que hajam consequências posteriormente. Eu escolho obedecer a mim, aos meus valores, mas isso pode mudar, depende da situação com que eu me deparar. De qualquer forma, a algum lado iremos desobedecer. A não ser que haja uma certa unanimidade.