segunda-feira, 10 de setembro de 2012

E se tudo fosse diferente? - Capítulo 11


Recolher todas aquelas canetas e adiar por sequer um segundo a mais o meu reencontro com aquele que julgara ser meu anjo parecia o inferno em vida. Fiz o trabalho mais rápido possível recolhendo aquelas canetas e fui direto ao corredor e o procurei e não o encontrava de maneira alguma. Já estava fora da escola e com as esperanças juntas ao túmulo de meu pai, novamente absorta em meus pensamentos e em tudo que tivera que passar naquelas últimas horas quando ouvi alguém ao meu lado me direcionar algumas palavras:
_Acho que não era só eu que estava nervoso, pelo que vi você com as canetas – e de repente saí do transe que me hipnotizava e olhei para o lado, era ele, eu fiquei sem palavras.
_É... acho que estava um pouco nervosa de mais. Você pelo menos não fez que todos o odiassem ao fazer toda aquela bagunça – ele não parecia ter me reconhecido, eu o olhava e procurava nele algum índice de reconhecimento, e nada... será que eu estava errada, estava prestes a perguntar quando...
_Ei, minha carona chegou, tenho que ir, prazer em conhecê-la e boa sorte – e ele se foi, sem me dar a chance de responder, talvez eu estivesse errada afinal, ele não me reconhecera, não deveria ser ele afinal de contas, aquela dúvida não saia da minha cabeça.
E assim eu fui para casa, pensando naquilo e pensando em algum jeito de descobrir se era ele de verdade. Se eu demorara quatro anos para reencontrá-lo assim, acidentalmente, como será que poderia o encontrar de novo. E eu me sentia uma idiota por ter perdido aquela chance.
Fiquei o resto do dia pensando naquilo. Cheguei em casa e fui direto para o quarto e pensava naquilo sem parar enquanto ouvia música. Pela primeira vez em quatro anos, naquela data não era sobre o meu pai que pensava, mas sobre o anjo que me reaparecera naquele dia. Quase me esquecera de todo o significado daquele dia quando ouvi minha mãe dizer no telefone:
_É como se tudo tivesse acontecido ontem para ela – minha mãe dizia – eu a convenci de ir e fazer a prova, mas desde que chegou ela não disse uma só palavra e foi direto para o quarto.
Minha mãe e sua terrível mania de família de sempre falar aos berros no telefone.

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