quarta-feira, 11 de fevereiro de 2009

E se tudo fosse diferent? - Capítulo 6

E pra quem ainda lê... Capítulo 6. Nossa cara, to muito cansada hoje, na verdade todos esses dias, e tenho deixado o blog meio de lado, tem dia que to hiper feliz e em outros to numa fossa gigantesca. Vou tentar me inspirar para continuar a fic, tentarei ao menos. :]


_Filha – minha mãe me chacoalhou, falando baixinho pela primeira vez na vida – Daqui a pouco é velório, vamos?
_Quantas horas são? – acho que junto com o sono... minha lerdeza estava crescendo ultimamente.
_Sete horas, se arruma e vamos.
_Tá mãe – e levantei da cama juntando toda a força que o misto de ontem a noite tinha me dado.
Tomei um banho rápido e fui para o meu quarto vestir roupa. Eu não sabia o que vestir, roupa preta como nos filmes? Vestido de gala? Pijama? Resolvi enfiar a mão no guarda-roupa e puxar qualquer coisa, acabei pegando uma camiseta verde claro. “Nada mal”, pensei.
Preferi ir de calça a ir de saia. Não estava nem um pouco afim de ter o cuidado de manter as pernas fechadas para ninguém ver mais do que pode aquele dia. Peguei a primeira calça limpa que vi na pilha. Ao menos não era uma cheia de strass e nem uma que ficasse caindo.
Eu estava com fome, mas resolvi não comer. Somente peguei uma xícara e pus um pouco de café nela e bebi. Minha mãe achou estranho e me olhou com uma cara suspeita mas preferiu não comentar nada.
_Vamos Carol?
_To indo mãe. E o Gustavo, ele não vai não?
_Não, ele disse que não queria ir.
_Ah ta – e olhei para a janela do seu quarto, “como será que ele se sentiu quando soube?”. Ele nunca gostou muito do nosso pai, nem eu, para ser sincera. Mas acho que ainda devia respeito a ele, e sabia que iria sentir falta dele de qualquer jeito.
Entramos no carro e fomos. Entrei sem olhar para o rosto das pessoas, sentia os olhos pregados em mim, e eu sabia o porquê. Tinha tanta gente naquele velório, pessoas que eu nem sequer tinha visto na vida, pessoas que conhecia de vista que iam à loja de meus pais, parentes meus e até amigos. Todos cochichavam baixinho, alguns deixavam cair umas poucas lágrimas, poucas pessoas e poucas lágrimas.
Não quis ficar perto do caixão, muito menos passei perto dele. Passei a uma distancia que eu pudesse olhar de relance seu rosto e fui me sentar em um canto. Alguns vinham até mim e me diziam algumas palavras para tentar me confortar, eu não ouvia a maioria delas. “Pra quê isso tudo?” me perguntava.
As pessoas rodeavam minha mãe e a assediavam com perguntas e palavras de conforto. “Coitada” pensei. Além de ter que agüentar a perda tem que suportar todas essas pessoas. Ela não parecia sofrer muito, ela já tinha perdido alguns parentes, talvez estivesse um pouco acostumada, ou ao menos conformada.
Eu não. Era a primeira vez que perdia alguém próximo a mim. É lógico que não era a primeira vez que ia a um enterro, mas nunca tinha sido alguém que significasse algo para mim. Eu nunca soube lidar com mortes, era tão estranho, um momento ele está ali, em outro, não.
Estava já farta daqueles pensamentos e resolvi sair dali. Levantei e fui até minha mãe e a avisei que ia ficar na rua por que não suportava mais ficar ali. Ela assentiu com a cabeça e me perguntou se queria que me chamasse na hora do enterro.
_Claro – disse sem muita confiança e me retirei.
Fui até a rua e fiquei sentada encostada no muro. Ergui a cabeça e comecei a olhar as nuvens e assim fiquei. Acho que se passaram umas duas horas quando ele veio até mim.

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