domingo, 31 de outubro de 2010

Do tempo

Há algum tempo atrás, que, agora, começo a desconfiar que seja mais do que há algum tempo, as coisas eram muito diferentes. Há algum tempo atrás eu me abria com você o que hoje não abro pra ninguém, ficávamos horas conversando sobre nada, o que hoje se tornaria impossível pra mim fazer durante sequer uma hora.
Fazíamos planos, promessas, juras. Era muito fácil dizer para sempre naquela época, já hoje temos medo de dizer sequer um substantivo, quanto mais um adjetivo que nos comprometerá. Antes éramos desleixados, descuidados, hoje temos medo até mesmo da sombra.
Antes amávamos com  se não houvesse amanhã e perder a noite chorando não nos parecia muita coisa, era necessário semanas de mártirie para pensarmos em seguir em frente. Antes era muito fácil dizer que desistiríamos de tudo para viver aquele amor loucura.
Era muito fácil acreditar que um simples beijo mudaria tudo e ainda mais simples acreditar na fidelidade eterna. Aceitavámos com unha e carne a possibilidade de vivermos apenas um do outro e hoje mal nos aguentamos por mais de cinco minutos.
Fazíamos planos de viagens malucas, de encontros às escuras, de fazer loucuras só eu e você, hoje acho ridículo como realmente pensávamos que iríamos fazer aquilo algum dia.
Lembro de como ficávamos irritados de ter esperar sequer um minuto pelo outro, e que precisávamos um do outro quase que a todo instante. Lembro de como você era importante para cada mísera decisão em minha vida, como eu tinha necessidade de te contar cada mísero episódio da minha vida, como eu achava indispensável contar em detalhes todas as vezes do dia em que me lembrava de você por um motivo qualquer.
Hoje mal lhe vejo, tenho notícias suas a cada 15 dias, ou mais, já não paro para fazer as contas de quantos eu te amo dizemos, porque nem sequer consigo me lembrar da última vez que trocamos uma palavra de carinho. Não sei mais em que pé anda sua vida, quem você beija, com quem você se deita, quem visita sua casa, com quem você quer estar na sexta-feira a noite, para quem você liga quando sente vontade de chorar,  para quem você manda mensagens no celular quando perde o sono. Se fizéssemos um balanço das promessas feitas e das realizadas encheríamos nosso rosto de vergonha e faríamos mais uma promessa que também quebraríamos, a de nunca mais fazer promessas. Eu já não sei quem você é. Mal me lembro de quem você era. Já não sei se te amo mais. Amava quem você era, aquele lá. Aquele que não começa o dia sem poder me dizer eu te amo. Aquele que não existe mais. Mas tudo isso é passado, não volta mais.

Um comentário:

Murillo disse...

"Deixe os seus sonhos voarem com o vento"!
Talvez promessas comprometam demais nosso futuro, o que não é bom, pois é imprevisível, vc sabe...
Acredite, sinta, enquanto ainda for vivo dentro de você! Se sair, não se torture! Não aprisione e torture um sentimento bom, se ele mudar, aprisione o que foi bom, isso é o que você deveria levar da vida, como um filtro, que só passa positividade! :)